José Galamba de Oliveira, presidente da APS, considera que devido à incerteza da pandemia, as ações de curto e médio prazo devem ser "desenvolvidas à medida que as necessidades vão sendo identificadas".
Hoje, o mundo está em risco. O surto do novo coronavírus que está a percorrer o planeta traz consigo um conjunto de consequências que vão muito além do espectro da saúde pública, da sociedade e da política nacional e internacional. Esta nova pandemia é também um grave bloqueador da nossa economia: escolas fechadas, voos cancelados, fronteiras a serem encerradas e empresas a cessar temporariamente as suas operações ou, quando possível, a adotar medidas alternativas que sustentem a sua atividade, como o regime de teletrabalho.
O facto é que o cenário atual está a gerar, inevitavelmente, alguma apreensão junto do setor segurador, sobretudo porque muitas empresas - tanto em Portugal quanto no resto do mundo - não estão totalmente capacitadas para responder aos riscos que uma pandemia pode trazer ao seu negócio. Falamos de riscos como a interrupção das atividades, falhas nas cadeias de abastecimento ou até o absentismo do capital humano - atualmente três dos principais riscos apontados pelas empresas no Global Risk Management Survey de 2019 da Aon, onde ocupam a 4ª, 20ª e 32ª posições, respetivamente - entre outros. Esta falta ou insuficiente resiliência, aliada ao delicado contexto que atravessamos, pode vir, não só, a comprometer a sustentabilidade das seguradoras - também elas abaladas pelo impacto económico desta pandemia - mas também a sua capacidade de resposta às empresas que, por sua vez e em diversas circunstâncias, dependem dos seus contratos de seguro, na medida em que estes foram integrados nas suas estratégias de gestão de riscos.
Precisamente reforçando a seriedade e complexidade deste problema, alguns especialistas têm defendido que o despoletar de crises de saúde à escala internacional será cada vez mais frequente - muito devido ao aumento das temperaturas terrestres causado pelas alterações climáticas - o que irá trazer enormes desafios económicos um pouco por todo o mundo.
Perante este quadro, é preciso refletir sobre o papel que o setor segurador pode vir a ter num futuro cada vez mais volátil.
Acredito, por um lado, que a atual pandemia será o ponto de partida para que as empresas do setor possam repensar as soluções de seguro disponibilizadas aos seus clientes corporativos, uma vez que vai ser necessário, a médio-longo prazo, alargar a sua proteção à luz de riscos emergentes - como o que estamos a viver e outros como o cibercrime, as alterações climáticas, ou a escalada de tensões económicas e políticas - e ao mesmo tempo salvaguardar a continuidade do setor. Por outro lado, o setor segurador terá aqui de assumir um papel ativo na construção da resiliência das empresas, ao ajudá-las a criar estratégias de gestão de risco que permitam mitigar os danos associados aos riscos a que estão sujeitas, por forma a reduzir os seus custos e manter a sua estrutura o mais estável possível.
O tempo urge: quanto mais cedo começarmos este trabalho, melhores resultados iremos certamente obter.
Anabela Araújo
Chief Broking Officer e Claims Director da Aon Portugal
Fonte: Jornal Económico, edição de 27-03-2020
Com o crescimento gradual da epidemia de covid-19, várias perguntas se colocam também a nível dos seguros. Será que o seguro de saúde que temos contratado cobre essa possibilidade? E em relação aos seguros de vida? E se cancelarmos uma viagem por termos ficado retidos, como funciona a cobertura de um seguro de viagem?
No atual contexto de taxas de juro negativas, é natural que haja cada vez mais dúvidas sobre onde devemos aplicar as nossas poupanças.
Para agravar esta situação, de acordo com os últimos anúncios dos bancos centrais e com a política que está a ser seguida, esta conjuntura ameaça tornar-se de longa duração com a permanência das taxas de juro nestes níveis durante os próximos meses e anos.
Por outro lado, a tributação sobre o rendimento obtido nas aplicações de poupança em Portugal à taxa de 28% (quase um terço do rendimento), independentemente do prazo de investimento, não é um grande incentivo à poupança.
Assim, torna-se necessário procurar alternativas aos tradicionais produtos de rendimento garantido e, se possível, com menor tributação sobre o rendimento.
Os Planos de Poupança Reforma (PPR), que foram criados no final dos anos 80, na altura com elevados benefícios fiscais no momento da subscrição, mas cujo resgate estava fortemente condicionado, foram perdendo interesse ao longo dos anos com a redução progressiva desse incentivo inicial.
No entanto, este produto evoluiu bastante, sendo que hoje em dia os PPR são, por um lado, um produto muito mais disponível, no sentido em que pode ser resgatado a qualquer altura e não apenas nas tradicionais condições previstas na lei como eram (mais de 60 anos, reforma, desemprego de longa duração, doença grave, incapacidade permanente para o trabalho e pagamento de prestações de crédito à habitação).
Por outro lado, são extremamente interessantes do ponto de vista da tributação sobre os rendimentos na medida em que os ganhos obtidos em PPR estão isentos de tributação ao longo da vida do produto, sendo essa tributação diferida para o momento do reembolso.
No reembolso, os rendimentos obtidos são tributados apenas a 21,5% (caso o resgate ocorra nos primeiros cinco anos), a 17,2% (caso o resgate ocorra entre o quinto e o oitavo ano) e a 8,6% (se o resgate ocorrer após oito anos).
Esta tributação no momento do reembolso tem uma particularidade para quem tem mais de 55 anos, ou seja, neste caso basta-lhe manter o seu investimento durante mais de cinco anos para os seus rendimentos serem tributados apenas a 8%!
Como corolário da evolução e modernização dos PPR, em 2018, através de uma Portaria do Ministério das Finanças, foi eliminado o anterior limite de exposição ao mercado acionista, que era de 55%. Assim, hoje em dia, um fundo de investimento PPR pode investir até 100% em ações.
Esta recente alteração veio permitir que os PPR possam concorrer com os restantes fundos de investimento em geral e com os fundos de investimento em ações em particular, na medida em que através de um fundo PPR podemos estar totalmente expostos ao mercado acionista (se quisermos), conseguindo simultaneamente uma otimização fiscal, sendo os rendimentos obtidos tributados a uma taxa bastante inferior aos 28% dos fundos de investimento e de outras formas de aplicação de poupança.
Por outro lado, como atualmente já existem gamas de PPR com diferentes níveis de exposição a ações (do mais conservador ao mais dinâmico), podemos aplicar as nossas poupanças com um nível de exposição a ações adequado ao perfil de investidor de cada um e com uma tributação que, no limite, pode ser de apenas 8%!
Todas estas alterações permitem aumentar o potencial de rendimento dos PPR a longo prazo e simultaneamente alargar a possibilidade de escolha.
Segundo os últimos dados da Associação Portuguesa de Seguradores (APS) e da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento Pensões e Patrimónios (APFIPP), em 2019 e até ao final do mês de agosto, os portugueses investiram mais de 2.400 milhões de euros em PPR!
Em suma, ao escolher a forma de aplicação das suas poupanças, não se esqueça de analisar rentabilidades, fiscalidade, comissões de subscrição, comissões de resgate, despesas de manutenção e liquidez.
Fonte: https://foreveryoung.sapo.pt/vale-a-pena-fazer-um-ppr/