Já na última comunicação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) relativa à transação de ações do Banif, de 19 de maio, a Açoreana informava que tinha então 6.954.651.167 títulos, o equivalente a 6,014% do capital social, participação que se mantinha intacta no final do primeiro semestre.
Não há dados públicos sobre o valor a que está carteira de ações estava registada no balanço da seguradora a 30 de junho, mas assumindo que o valor unitário das ações era igualmente de um cêntimo, o valor de aquisição cifrava-se em 69,6 milhões de euros.
No entanto, tal como a 31 de dezembro de 2014, o valor total de aquisição das ações do Banif e o valor de balanço não coincidiam, até porque as ações do banco vinham a cair em bolsa, aplicando a mesma ‘desvalorização', de cerca de 40%, no final de junho as ações do Banif estariam registadas no balanço da seguradora por 39,7 milhões de euros.
Ou seja, com a medida de resolução aplicada ao Banif no domingo 20 de dezembro, a Açoreana arriscará perder cerca de 40 milhões de euros que tinha investido em ações.
O valor das perdas que a Açoreana terá de suportar pelo regaste ao Banif pode ser ainda mais alto, uma vez que estas contas não incluem outros investimentos da seguradora no Banif e mesmo as aplicações em títulos de dívida, que também foram afetados com o resgate ao banco.
Assim, ainda é cedo para saber qual será a perda efetiva imputável à Açoreana, até porque a lei que rege os bancos em Portugal prevê várias fases até chegar a um ‘veredito'.
Nas perguntas e respostas divulgadas pelo Banco de Portugal, é referido que a medida de resolução do Banif se regeu "pelo princípio orientador segundo o qual os acionistas assumem prioritariamente os prejuízos resultantes do seu desequilíbrio financeiro" e que o facto de ter sido vendido ou transferido um conjunto de ativos do banco "não confere (…) o direito a qualquer indemnização".
A Açoreana teve no primeiro semestre prejuízos de 1,5 milhões de euros (melhor do que os 3,7 milhões de prejuízo de período homólogo de 2014) e era considerada pelo Banif uma "unidade operacional descontinuada", estando para venda.